Quando a lua é negra
Rogel Samuel
Em "Lua Negra", Márcia Sanchez Luz nos dá um poema anti-lírico, ou melhor, um soneto que é o negativo do sentido clássico de lua. É a foice, o unicórnio, o buraco negro, inatingível, perigoso, que atrai, a solidão inacessível, o vazio, o elemento denso, mas extremo, o fascínio, mas aniquilamento, o venenoso remédio da cura, o nefasto da ferida, mas cuja dor nos fascina e ensina - sem esta lua o amor não existe, não atrai, não nasce. A lua negra é o lado escuro da alma, ou Lilith, o lado distante e obscuro da lua, perigoso, a lua bruxa, um buraco no Universo. Na realidade ela é a anti-lua, sua parte sombria, por isso mesmo dissabor, descompasso e amor.
Amo demais que até ferida brota
na cálida, escondida lua negra
dos meus delírios (dor que desintegra
calma desnuda em chuva de gaivota).
Os olhos choram mares, geram grotas,
fabricam densa nuvem que se integra
ao corpo equivocado pela entrega
sofrida num adeus desfeito em gotas.
Amo demais, eu sei, mas o que faço
se de outro jeito não conheço o amor?
A minha sina é nunca combater
o que me atrai e gera descompasso.
Se por um lado existe o dissabor,
tenho da vida a flor que vi nascer.
© Márcia Sanchez Luz
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Rogel Samuel,O soneto da Márcia por si só já é uma obra de arte, acompanhado pela tua crítica, ganhou a dimensão exata, perfeita...Parabéns a vocês dois. Grande Abraço. daufen bach.
Rogel, sua leitura transpõe os lados escuro, obscuros e profundos de uma alma atormentada, poeticamente desenhados pela autora. E você faz isso com intensa percepção do imenso lirismo que Márcia imprime em sua obra. Parabéns! Dalton França.
Boa noite, Márcia.Já me cansei de tanto amor cantado de outro jeito. De amor em luar desfeito, da poesia sem respeito ao profundo amor contraditório. O mundo nunca foi tão cor-de-rosa, a rosa nunca foi amor-perfeito. A vida respira o ar do tempo e o amor vai ganhando densidade. A lua me espreita e sabe em mim do claro-escuro. A semente que cai em solo duro gera e germina quando termina a primavera. A Lua vai brilhar eternamente - a face clara é a neblina do evidente, a face escura só ilumina quem procura...Obrigado mais uma vez por me mostrar o seu poema que inspira as palavras sábias do Rogel Samuel. Para mim é sempre satisfação ler aqui os dois poetas e lhes deixo os parabéns. abraços. Marco Bastos.
"Quando a lua é negra", introspecta:
Rogel Samuel expressa com maestria.
Lilith de noite-a-dia, desluna nua:
Para além da lunárida fantasia...
Obscura, des.compassa notí.vaga:
Bruxoleia,des.encanta caosmologia.
Gustavo Dourado
Muito lindo e profundo, fazendo do vazio inevítável a nós imposto fonte de tradução na língua poética do que há de produtivo disso que angustia. Tania Montandon.
MARCIA ALIA TALENTO A SENSIBILIDADE O QUE NA POESIA É ESSENCIAL. ALEM DO SER HUMANO ESPECIAL QUE É E SABE SER. SEUS POEMAS SÃO LUZ EM MEIO A TREVAS E POR ISSO SOU SEU ADMIRADOR. ROBERTO ROMANELLI MAIA
Grande esse teu modo especial de cantar o amor. Adroaldo Bauer ·
Parabéns, Marcia. Você sabe o quanto gosto deste soneto! Você é um serzinho iluminado e pleno de energia poética. Que bom ter uma amiga do seu quilate! Bitokitas iluminadinhas de poesia. Elza Fraga
A bela peça de Márcia Luz é produto de trabalho sério, longo e persistente. Não é uma aventura poética, mas um esforço literário que merece aplausos. Votado com muito prazer! "Lua Negra". Jorge Sader Filho
Márcia meu parabens por seu lindo soneto!Espero que continue a brilhar como a lua em noite de verão! Clarean-do as mentes dos que aprendem com você! Obrigada! Luiza Soares Benicio de Moraes
Querida,lido e votado. Aliás, faz tempo já que eu não lia um soneto. Foi um bom reencontro. Abs. doPARREIRA (Claudio Parreira)
"A minha sina é nunca combater o que me atrai e gera descompasso" Marcia...LUA NEGRA mexe comigo! Obrigada! Aplausos, Gilia GerlinG
Marcia, bom dia. Vim para ler teu soneto e me deparei com algo raríssimo em poesia: Lua Negra conseguiu provocar uma fila de comentários! Quase não sobra espaço para o meu. Parabéns. Mas "ter da vida a flor que viu nascer" é uma declaração poderosa. Não faltou luz nesta "lua negra". Máua
Digo de sua lua, negra como é, iluminada naturalmente, o que cabe dizer de poema bem concebido e bem realizado em todas as fases. Acho um requinte a mais essa alternância de timbre em vogais rimantes, mas tem a escansão perfeita, o ritmo bem sopesado e distribuído, as destiladas opções de palavras e um fino bom gosto, para o poema de forma fixa. Acho hoje raros estes predicados em produtores de poesia, pelo que vejo. Você fez, Márcia. Está feito, e bem. neoportaleiro
O seu poema é perfeito. Você respeita a métrica e a sílaba tônica no local de costume. Meus parabéns. Nos dias de hoje, é raro ver alguém escrevendo assim. Sucesso e um brande abraço, Haron Gamal
Parabéns pelo poema altaneiro, afirmativo, um verdadeiro espinho de mandacaru que ao invés de ferir apenas aguça a nossa sensibilidade para a vida, para a sublimação dos nossos sentimentos mais latentes, interiores, vivazes, humanos.... Na verdade nunca será possível a ninguém amar o suficiente.... Seu poema é um grito bom a ecoar no fundo de todos nós, humanóides, ocupados demais com o supéfluo. Viva o amor. Viva a poesia. Parabéns!!! José Cícero
Lua Negra é minha medida certinha!
Beijo
Reinaldo Magrão
A
Mauro Lúcio de Paula
A entrega da alma da poetisa nesse poema. Compara-se ao trabalho feito pelo ouríves com relação a uma jóia artesanal perfeito. Antonio Campos.
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