15 abril, 2012

Crítica de Fabbio Cortez

Todos sabem que há no chamado “meio literário” a contracorrente linguística (um certo desvio na estrutura da língua portuguesa) de chamar poetisas de qualidade de "poeta", pondo o termo como comum de dois gêneros (muito provavelmente partindo do famoso poema de Cecília Meireles, em que ela se diz poeta). Mas isso, a meu ver, se deve simplesmente à característica masculina do idioma: quando dizemos “Todo homem é igual em direitos e obrigações”, abarca-se homens e mulheres. Entretanto, fazer o quê? Tende-se à divisão “mulher poeta” e a simples “poetisa”, esta última como sendo qualquer mulher poetastra.

Esta breve introdução, faço-a despretensiosamente, sem obviamente o desejo de ir fundo na questão; é somente para dizer o seguinte sobre Márcia Sanchez Luz:

Ela é POETA: pois primeiro arquiteta a si e ao mundo utilizando-se de projetos inteligentes, refletidos, estando acima da questão controvertida acima disposta – pois que hoje sabemos valer verdadeiramente a capacidade profissional da pessoa, não importando se é homem ou mulher; depois, Márcia edifica a verdadeira poesia com materiais-palavras de construção de qualidade e fortaleza; e então, por final, para e mira sua obra, a flertar com a excelência que os gênios da arte exibem com naturalidade.

Mas Márcia também é POETISA, sim, a quebrar o paradigma das tendências ordinárias e superficiais, por ser ela toda feita de feminilidade, mas de feminilidade séria, não piegas, exacerbando da sensibilidade própria das mulheres fêmeas na alma, e que não têm medo de mostrar isso a quem quer que seja. Assume o risco por saber quem é e a que veio, por estar completa em si, no âmago, em sua intelectualidade.

Ao sonetar ininterrupta, digna e belamente, Márcia demonstra-nos, então, como é possível sermos livres diante dos aprisionamentos da vida, a que todos estamos submetidos. Ela consegue transitar plenamente liberta na difícil forma fixa que a espécie de poema que ela mais domina normalmente impõe. Sua poesia tem técnica e sensibilidade, é arquitetura e paixão: por isso Márcia Sanchez Luz é, para mim, POETA e POETISA!