02 maio, 2009

Infinda Solidão


Oiii Márcia Tenha andado meio afastado, mas vim hoje aqui conferir o seu trabalho e ver , com satisfação, que você segue sendo a poetisa de talento que eu admiro tanto. Parabéns pelo seu soneto "Infinda Solidão", realmente magnífico. Meu abraço, Manoel Virgílio

Olá Márcia , mais uma obra perfeita. Mostrando paixão e dúvidas e por fim uma retirada para reflexão.Um soneto que abre o ano com nota dez. Antonio Paulo


Infinda a solidão só será
se assim muito quiseres,
amiga das horas todas,
hás-de saber-te querida

Adroaldo Bauer


Márcia, é sempre um prazer saborear o que escreves.Certa, direta, vai no alvo. Gosto muito dos teus textos, e gosto mais quando recebo para comentar, o que muito me honra. Beijos, Jorge

ESTE É UM SONETO QUE JÁ NASCE CLASSICO, NO EQUILIBRIO DA FORMA COM A EMOÇÃO. VC ESTÁ ALCANÇANDO A SUA PERFEIÇAO. FELICIDADES NO ANO NOVO, ROGEL SAMUEL


Márcia, que satisfação rever seus requintes formais (dos quais já sentia saudades) todos confirmados mais esta vez, onde poeticamente você opta pela solidão. Com "o amor que sinto da carne dista" você revela um eu lírico capaz de amar de uma forma bem interessante. Parece implausível, mas estou convencido de que esse tipo de amor existe mesmo, fora do universo poético. Nunca tê-lo experimentado eu mesmo, isso é outríssima coisa. João Esteves


Márcia, você quando escreve é como um arco que quanto mais tenso e rígido lança a flecha no mais longe dos longes e acerta o alvo que é a emoção, a sensibilidade e o coração dos leitores. Parabéns por tocar num sentimento tão áspero para nós seres comuns, mas uma poetisa como você consegue falar com tamanha suavidade. Parabéns. Seu admirador e assíduo leitor, Mauro Lúcio de Paula


Esse sentimento que transtorna a mente, levando a conceber somente "o que não tem razão", ficou mais sentido neste belíssimo soneto.Tão triste, mas tão perfeito! beijos Saramar


Márcia, sua destreza com as palavras e ideias são perfeitas. abraços, Pedro Dubois

Minha querida amiga Márcia. Depois de mais de dois meses afastado na net aqui estou eu novamente percorrendo a sua casa e usufruindo desse seu espaço maravilhoso. Parabéns pelo lindo trabalho literário que você oferece ao mundo virtual - Um abraço do seu amigo Sardenberg


O castelo em forma de nave
Rogel Samuel

Márcia Sanchez Luz escreveu um soneto, para mim já clássico, das mazelas do amar, que diz muito precisamente o que sente e o que pergunta todo ser que (ainda) ama.

Como as mulheres entendem mais de amor do que os homens!

O poema está no seu "Imaginário", um blog que é um primor de poesia em:
http://poemasdemarciasanchezluz.blogspot.com/

O poema começa com perguntas para as feridas de um labirinto em que a autora e todos nós amantes nos perdemos: quando o amor é sensação no peito, anseio, instinto, sonho sem preconceito, conflito.
Amar é alguma doença?
Ou é cura? A cura.

Confesso que em matéria de amor só conheci o lado amargo. Talvez pelo meu pendor de só apaixonar-me pela pessoa errada, mesmo quando era jovem. E não se trata de minha idade, apenas. Sempre foi assim.
Bloch, no Princípio esperança, tem um estranho e instigante capítulo que se chama: O que resta a desejar na velhice. Diz ele que é muito instrutivo quando pela primeira vez alguém se levanta para nos ceder o lugar. E é mesmo nesse tempo que percebemos como a vida é curta.
Por isso, quando saudamos ou festejamos um velho, este percebe instintivamente que é como uma despedida, ou seja, que tem a morte como desenlace. O que não morre é o amor. Acompanha-nos até o fim dos dias.

O soneto de Márcia Sanchez Luz diz:

Por quem me tomas quando o amor que sinto
da carne dista, é sensação do peito?
O anseio que me assola é puro instinto
guardado no sonhar sem preconceito.

Por quem me tomas neste labirinto
de dor e medo e cheio de defeito?
O meu sentir não pode ser extinto
por conta de um conflito sem efeito.

Por ora busco alguma direção
para aquietar-me a mente tão doída
que só concebe o que não tem razão.

Se eu não achar porém explicação
passível de curar esta ferida,
me entregarei somente à solidão.


O Padre Vieira tratou do amor no seu famoso Sermão do Mandato, de 1643. Mas que saberá um padre do amor? Melhor talvez a fenomenologia do amor feita por Sartre... Mas isto já outra estória. Pois quem entende de amor são os poetas. Como a não-explicação de Márcia Sanchez Luz. Afinal, como escreveu Ernst Bloch, em "O princípio esperança", "o amor não deixa ninguém entrar sozinho no castelo dos sonhos ou ir sozinho para o alto-mar".
O amor é a taça cintilante da aventura, a vontade de viajar, o Argo, "que é uma espécie de arca para os desejos mais importantes" de nossa juventude: "o desejo de ter um triunfo".
"A vontade despedaça a casa... e constrói o seu castelo no alto da montanha, em meio às nuvens". O seu castelo em forma de nave.

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Márcia, Márcia, querida Márcia,


Quando percebo - de novo - que algumas raras pessoas são capazes de criar com tal profundidade, com tamanha força e com um alcance tão grande, fico sem fôlego. Um pouco dessa falta de ar é pela angústia de não ter sido eu a dizer aquelas palavras - mas delas me aproprio indevidamente, como se fossem minhas, porque se tornam minhas quando delas me aproprio, antropofagicamente.


Outro tanto dessa dispnéia surge como um susto: é mais do que óbvio que essa é a maneira certa de dizer, mas eu não havia percebido "e súbito isto me bate de encontro ao devaneando" (F.Pessoa) e fico pasmo e assustado frente à clareza total das palavras que tenho à minha frente.


Mas a falta de ar se preenche, como nos peitos ocos de Dali, de um céu azul com nuvens, e o que era desconhecido e estranho se torna subitamente parte de mim, passa a ser meu horizonte interior.

Lembro-me de poucos textos que me causaram esse fôlego curto.

Muitos de seus poemas fazem esse efeito, causam essa perplexidade, esse espanto.

E Samuel sentiu e comentou como eu nunca conseguiria esse efeito extraordinário da obra bem criada, bem acabada. E a maturidade do alcance pessoal e coletivo de seu trabalho.

Concordo, assino também, ratificando, e me sinto feliz por você existir e por poder te apreciar assim.

Muitos e muitos poemas novos da Márcia Sanchez Cheia de Luz, sonetos ou não, ainda produzirão esse efeito em muitos de nós.

Sinta um abraço apertado, com os meus olhos mareados por você, com um sorriso de alegria extrema, minha linda Márcia.

Jailson



Olá, Márcia.


Para mim, aqui são duas também as satisfações: - saber do seu soneto tão sabido, ouvir Rogel falar do que foi dito. Tirar das letras o som do seu embalo, que no soneto mais que o escrito, tem a nau...nas asas de um castelo. Soneto belo que a idade no amarelo, não tira as cores dos elos tão vividos. O amor é isso que ocupa todo o espaço, e se hoje passo, deixo laços tão cingidos. Na nave, a neve que tingiu nossos cabelos, tem nos polos a solidão dos paralelos. Quando o Sol já não é mais meridiano e alça aos céus como um corcel de muitos anos, o poeta sonha e dá ao mundo na tinta dos seus sonhos, as cores com que pinta...a aurora boreal. Parabéns e beijos. Marco Bastos.

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