26 junho, 2009

Crítica de Sônia Cintra


DUAS PALAVRAS SOBRE “PORÕES DUENDES”, DE MÁRCIA SANCHEZ LUZ


Os sonetos de Márcia Sanchez Luz comovem o leitor por vários motivos. Dentre eles, podemos citar dois mais relevantes: o tema e a estrutura de seus versos.
A começar pela estrutura que, na maioria dos poemas, segue o modelo petrarquista de dois quartetos e dois tercetos decassílabos, implicando rigor formal. Às vezes, eles vêm lacrados com chave de ouro, como é o caso de “Ética versus Estética”: E para sermos justos neste trato,/ faço de mim a lícita guarita/ de teus temores, tua fé finita; outras vezes trazem final aberto, como em “Crenças Seculares”: Serei assim enquanto houver luares/ norteando os passos, sonhos e lugares/ que eu possa ainda um dia conhecer.
Dos temas escolhidos pela autora para compor este livro, alguns resgatam o lirismo comedido da busca interior, tal lemos no soneto homônimo do título, Talvez seja um vestígio o que procuro; outros sugerem o ritmo do pulsar exterior: Assim transcendo a busca que não cessa, em “Seixos Transparentes”; e outros, ainda, perambulam no tempo, dos quais é exemplo “Instante Ausente”.
A fragmentação característica da pós-modernidade está expressa de forma peculiar em “Frenesi” e “Uníssona Canção”, o que denota, de certo modo, o exercício de atualização de Márcia Sanchez Luz neste seu segundo livro de poesia, “Porões Duendes” o qual, através das composições, permeadas de epígrafes, não esquece Fernando Pessoa e Machado de Assis, lembrados nos sonetos a eles dedicados, nesta primorosa edição da Protexto.

Sônia Cintra
(Academia Jundiaiense de Letras)
Abril de 2009

Um comentário:

  1. Faz tempo que venho alardeando a capacidade e talento da Marcia como sonetista. E a qualidade literária inegável, porque soneto, minha gente poeta, não é biscoito não, rsrsrs.
    Tem suas características próprias.
    Não se pode fugir de nem uminha delas, pois se corre o risco de pensar fazer soneto quando se fez um poema de duas quadras e dois tercetos.
    O que já é um começo, mas não é um soneto.
    E a Marcia sabe disso, e faz Soneto
    na maiúscula mesmo, dos bons.
    Daqueles que lembram os sonetistas da antiga, os de raíz!
    E eu só posso ficar feliz por ser ela amiga e partilhar comigo estas belezuras.
    Bitokitas, sucesso e mais luz, porque até no nome você já acende uma claridade, rsrsrs.
    E brigadim por destacar meu comentário aqui no seu espaço.

    ResponderExcluir